João Derly: Judoca evangélico em busca do ouro no Pan
 
O gaúcho João Derly chega ao Pan do Rio com o peso da única medalha de ouro conquistada por um brasileiro na história dos Mundiais de judô (em 2005, no Egito).
 
 
Os holofotes, porém, não são novidades para ele. Em 2003, no Pan de Santo Domingo, o judoca era o mais cotado para uma medalha na equipe masculina. Foi derrotado e eliminado sem sequer um bronze.

"São épocas diferentes da minha vida. Em 2003, eu tinha muito problemas de peso. Ainda assim lutei contra um grande adversário", diz Derly, que na época lutava na categoria ligeiro (até 60 kg), uma abaixo em que está atualmente. Tanto era a sua dificuldade em se manter no peso que ele chegou a ser suspenso, em 2002, por doping após um controle detectar a presença de diuréticos. Ficou seis meses fora dos tatames.

Mesmo se mostrando mais maduro, ele refuta o favoritismo e diz que qualquer resultado no Pan já é importante. "Sempre fica uma expectativa das pessoas comigo. Sempre entro tranqüilo para fazer o meu melhor. Uma medalha de prata ou de bronze está legal. Aliás, só de estar lá já é bom", analisa. O judoca conseguiu a vaga para o Pan em uma seletiva conturbada com o Leandro Cunha. Com resultados melhores que o do gaúcho, Cunha foi preterido pela Confederação Brasileira.

Agora, aos 26 anos, Derly afirma que desde do título mundial de 2005 os rivais começaram a olhá-lo de maneira diferente: "Sinto que eles têm me estudado bastante. Mas isso é bom porque me obriga a estar sempre evoluindo. É por este motivo que tenho tentado aprimorar minha parte física, além de variar muito mais meu estilo de luta".

Aos 7 anos, por causa de uma asma, o futuro judoca tinha a mania de "brincar de brigar" com as pessoas. O esporte ideal parecia o judô. "Eu era uma criança bem ativa. Vivia de luta com o meu pai, com os meus amigos. Acho que começa ficar sério aos 17 anos, quando fui numa competição sênior no exterior. Vi que fui melhor que o titular do Brasil e pensei: ´Tenho chances'", relembra.

Para o Pan do Rio, Derly se prepara no mesmo clube em que iniciou, com o mesmo técnico, e força na reta final na parte física. Com um preparador físico importado de Cuba, ele concilia a preparação do tatame com o atletismo. "Ele (preparador) tem sido muito importante não só porque ele está ensinando atletismo aos judocas e melhorando nossa preparação, como também por ter muita vivência no esporte tem me ajudado no lado psicológico", conta.

Dono do único título mundial de judô para o Brasil, João Derly participou do lançamento, no último dia 10, no Rio de Janeiro, do livro "A Vitória vem dos Céus". A obra, escrita por Rodrigo Koch e Antônio Carlos Pereira, conta a trajetória de Derly nos tatames até a medalha de ouro no Egito, em 2005. Essa história pode ganhar um novo capítulo no dia 22, quando João lutará pelo título dos Jogos Pan-Americanos.

Feliz por poder contar a história da sua carreira em um livro, Derly não esconde sua vontade de ampliar a obra. Em seu segundo Pan-Americano, João espera melhorar seu desempenho, já que em Santo Domingo, amargou a sétima colocação.

O judô foi um dos primeiros esportes incluídos no programa dos Jogos Pan-Americanos (São Paulo-1963) antes de ingressar nas Olimpíadas (Tóquio-1964). Foi criado em 1882 pelo japonês Jigoro Kano, que se baseou em outras artes marciais, especialmente o jiu-jitsu.

O período de disputa do Judô no Pan será de 19 a 22 de julho.

Fonte: UOL