Me sinto aliviada quando vejo/leio sites como este ou quando leio revistas como a Ultimato, o Estandarte, entre outros poucos veículos de comunicação cristã que podemos dar audiência.
 
Hoje, na igreja, se pensamos de forma contrária, somos rebeldes, pq temos que concordar com tudo o que a liderança fala, ainda que esteja fora da palavra. Temos que fechar os olhos para o autoritarismo, para o inchaço de membros e falta de qualidade, para a falta de despreparo de líderes que não foram chamados por Deus mas que são chamados para fechar uma lacuna na igreja; temos que nos sacrificar por algo que não foi Deus que deu, só para estarmos na "visão da igreja (visão q mtas vezes já está totalmente desfocada)", obedecer quem não vive o que prega, entre outras milhares de coisas que estamos vivenciando há muito tempo e que insistimos em persistir errando.
 
E se nos levantamos para tentar falar algo contra esses erros somos chamados de lobos! E se saímos da congregação, então, por falta de compatibilidade de visão, somos seguidores de satanás.
 
O histórico é sério, estamos entrando em coma! Enquanto isso a criação aguarda a nossa manifestação.
 
Eu não tenho que entender nem orar pra Deus me fazer entender o que está errado. Ele já me deixou sua palavra para eu saber o que está certo e o que está errado. Não preciso orar para saber que é errado colocar a carroça na frente dos bois, eu já tenho exemplo bíblico para isso.
 
A palavra nos mostra que todo cristão TEM QUE distinguir entre o bem e o mal, ou seja entre o certo e o errado. Hoje o lema é: Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço! O que que é isso? Não somos tapados!
 
Cristo mesmo instigava as pessoas a pensarem, analisarem o que ele pregava antes de acreditarem nEle, senão seriam pessoas superficiais, pessoas sem argumento, sem discenimento, que seriam levadas por qqr coisa que lhes falassem.
 
O problema, como a matéria ressalta, é que muitos líderes hoje na igreja preferem o poder ao amor. Porque o poder controla, já o amor, não. Muitos clamam por avivamento, só para apontarem que foi na igreja dele, na direção dele..... ou até mesmo clamam para Deus enviar pessoas capacitadas, enviar pessoas com potencial, Deus envia e só fica nisso, no potencial, pq há um monopólio de dons dentro da igreja. Ou colocam essas pessoas em funções diferentes daquilo a que foram chamadas para poder tirar o peso das costas da liderança. E nisso a pessoa vai se cansando, se cansando até que encalha espiritualmente.
 
Temos que nos cuidar, queridos! Hebreus diz para termos "as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal". 
 
Os crentes de Beréia não eram ingênuos, forma que muitos líderes hoje nos tratam, porque acham que podem nos controlar fazendo ameaças ou até mesmo fazendo chantagem cristã-emocional. 
 
Mas lembrem-se, os crentes de Beréia comparavam tudo o que os apóstolos diziam com as Escrituras, e isso é o que nós, EVANGÉLICOS devemos fazer (Atos 17:11).  I João ainda nos alerta mais "Amados, não deis crédito a qualquer espírito;  antes, provai os espíritos se procedem de Deus;  porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo".
 
Não tenha medo de pensar correto, de buscar a verdade. Cristo te ensinou isso, então, melhor ficar com o que Cristo fala do que o que o homem fala, já dizia nosso irmão Pedro.
 
O duro é quando mostramos que estamos certos, perante a palavra, e nem assim dão o braço a torcer.
 
Se cuida, igreja! Avante, soldiers!
 
A matéria segue abaixo.
 
Juliana Ayres.
 

14/07/2008 - 12:19 por Valter Gonçalves Jr.

Grandes desafios de uma jovem Igreja

Igreja Evangélica cresce como nunca no Brasil, mas ainda não superou as próprias contradições.

marcha para Jesus em São Paulo, evento que atrai todos os anos multidões de crentes

Aos 40 anos, o cearense Raimundo Nonato Pereira dos Anjos tem um só objetivo na vida: pregar o Evangelho. Vendedor ambulante, diariamente segue de ônibus entre Brasília e a cidade-satélite de Ceilândia, umas das mais violentas do Distrito Federal, onde mora. Pereira, como é conhecido, prefere não ter um emprego fixo, o que, acredita, o impediria de fazer o que realmente gosta: evangelizar nos coletivos, nas ruas e nos hospitais, enquanto sai para vender produtos como balas, doces e salgados. "Não me vejo sem fazer esta obra. Abri mão de tudo que é meu", diz sorridente o ambulante, uma espécie de missionário informal. "Coloquei em primeiro lugar as coisas de Deus. Não tenho ganância", diz, revelando que não faz proselitismo de sua denominação — congrega na Igreja Batista Ebenézer — e que não pede dinheiro aos crentes.
Convertido há apenas três anos, Pereira, que é solteiro, deixou bebida e drogas para viver uma rotina que inclui, às quartas-feiras, a visita ao Hospital de Apoio, em Brasília, especializado em tratamento de pacientes terminais ou com seqüelas graves, onde foi ouvido pela reportagem. "Muitas pessoas vão à igreja apenas para conseguir bens materiais e poucos fazem a obra de Deus com seriedade", opina. Apesar de ter a Bíblia na ponta da língua, ele lamenta sua baixa instrução, o que em alguns momentos, reconhece, torna o trabalho de evangelização mais difícil. Pereira talvez nem desconfie, mas seus bons frutos aparecem nas estatísticas que apontam para o recente e gigantesco crescimento da Igreja Evangélica brasileira. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, ela já conta com quase um quarto da população do país e continua avançando.
Mas pouca gente saberia determinar qual a feição e os rumos dessa Igreja e, a partir disso, qual o impacto sócio-cultural da conversão de boa parte dos brasileiros ao Evangelho. "Parece que a única ou a maior preocupação da Igreja Evangélica brasileira hoje é o crescimento do número de igrejas e de fiéis", diz o pastor presbiteriano Elben Lenz César, fundador da editora Ultimato, criada em 1968, quando a presença protestante ainda era incipiente no Brasil. "Aos outros desafios, aos outros alvos do Reino de Deus, não se dá a devida atenção. Em geral, somos omissos e talvez medrosos", diz.

Personalismo – A onda evangélica que hoje avança com força começou tímida, com a chegada das primeiras denominações históricas — igrejas como a Luterana, que veio com os imigrantes alemães na segunda década do século 19, e outras, como a Congregacional, a Presbiteriana, a Metodista e a Batista, implantadas aqui por missionários britânicos ou norte-americanos, em meados dos anos 1800. Os pentecostais vieram em seguida. A Assembléia de Deus começou pela quase isolada Belém do Pará, em 1911. Mostrou vigor, crescendo no interior e na periferia das grandes cidades, e hoje é a maior confissão evangélica brasileira.
Desde a década de 70, os crentes se tornaram bastante visíveis, multiplicando-se em incontáveis denominações. Com a explosão dos neopentecostais, essa Igreja não pôde mais ser ignorada. Essa visibilidade é reforçada pelas verdadeiras multidões que acorrem aos grandes eventos evangélicos – caso da Marcha para Jesus, que reúne em São Paulo, todos os anos, algo perto de 2 milhões de manifestantes. No entanto, ao mesmo tempo em que os evangélicos crescem numericamente, aumenta a preocupação com a qualidade das igrejas, que se deparam com as grandes mazelas do país e com suas próprias contradições. Fragmentada, personalista, autoritária, pouco atuante na sociedade, mística demais e pouco preparada intelectualmente – as críticas ao segmento religioso que mais cresce no país são muitas, e vêm de seus próprios líderes e pensadores, o que tem raiz na cultura protestante. Afinal, Martinho Lutero preconizou a Ecclesia reformata semper reformanda (Igreja reformada sempre se reformando).
O excesso de divisão é um dos pontos frágeis dos evangélicos. "Somos divididos demais, o que nos deixa sem uma voz oficial. Creio também que nem todos os mais conhecidos líderes teriam preparo suficiente para abordar os problemas nacionais, com sabedoria, com equilíbrio, com acerto", observa Elben. "Se um veículo de comunicação desejar saber o que a Bíblia diz sobre este ou aquele tema, vai procurar a quem? Nosso déficit se sente em várias esferas – anunciamos pouco o Reino de Deus, refletimos pouco sobre a condição humana a partir da mente de Cristo e vivemos pouco o pouco que pregamos. Por isso, nossa palavra é pouco ouvida", explica, por sua vez, o pastor Israel Belo de Azevedo. Ele é diretor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro, e autor de 22 livros. Algumas de suas obras tratam exatamente da situação da Igreja Evangélica no país. "Se queremos ser relevantes, precisamos ter a coragem dos apóstolos, que diziam: 'Olhem para nós''', desafia. Israel acredita que depois do "inchaço" numérico dos últimos anos, as igrejas, se tiverem lideranças íntegras, encontrarão respostas e o que chama de "equilíbrio cheio de viço".
Para Bráulia Inês Ribeiro, presidente da agência missionária interdenominacional Jovens com uma Missão (Jocum), antes a Igreja brasileira precisará enfrentar o problema do forte personalismo do qual padece. "O direito divino dos 'reis' de igreja ganha quinhentos anos de legitimidade cultural no Brasil",afirma, salientando que essa é opinião sua, e não da organização que preside. Bráulia aponta para o "não arrependimento" da Igreja em relação a um certo "padrão colonial, bandeirante, absolutista de liderança", muito próprio da América Latina e que, para ela, conduz ao autoritarismo ou, em contrapartida, à anarquia. "Isto precisa ser confrontado pela mensagem e pela doutrina das igrejas", avalia.

Autoritarismo – "Lideranças com perfil autoritário produzem uma igreja infantilizada", declara Ziel Machado, historiador, pastor do Concílio Nikkei da Igreja Metodista Livre e secretário regional da Comunidade Internacional dos Estudantes Universitários. Segundo ele, entre a opção pelo amor e pelo poder, a Igreja muitas vezes opta pelo segundo. "O poder permite controlar as pessoas; o amor, não", continua Ziel, citando o teólogo católico Henri Nouwen. "Controlando seus seguidores, a igreja os infantiliza. Infantilizando-as, não teremos uma Igreja apta a dar uma contribuição adulta para o seu entorno social", analisa. "Por outro lado, tudo que é histórico é ambíguo", pondera, identificando na Igreja Evangélica brasileira expressões simultâneas de maturidade e imaturidade. "De um lado, há a compreensão profunda de seu chamado e sua missão, vivida com radicalidade; e, de outro lado, manifestações de desvios, em que a Igreja se distrai com agendas que a afastam de seus verdadeiros objetivos".
Ziel sublinha que as instituições que mais aparecem na mídia e ganham visibilidade na sociedade costumam ser justamente as que fazem a opção pelo poder político e econômico. "Como diz o pastor Carlos Queiroz, da Igreja de Cristo de Fortaleza, precisamos de líderes mais identificados com a manjedoura do que com os palácios", ressalta o historiador. Para ele, o melhor critério é o estabelecido pelo próprio Jesus: "Temos que olhar para os frutos, e não para os produtos".
Escândalos protagonizados por líderes e políticos evangélicos não diminuem o otimismo de quem vê na Igreja Evangélica vitalidade e compromisso com a fé cristã. O doutor em sociologia Alexandre Brasil Fonseca compara a dificuldade do poder público e dos partidos políticos para afastar quem comete irregularidades com o exemplo dado pela Igreja Batista, uma das maiores denominações do país, que, lembra, "teve a coragem de destituir um pastor que exercia liderança havia muitos anos". Ele refere-se ao episódio do afastamento de Nilson do Amaral Fanini, que durante quase 40 anos comandou a 1ª Igreja Batista de Niterói (RJ), ocorrido em 2005.
Ao lançar o olhar sobre os evangélicos, o sociólogo diz que tudo tem seu tempo. "Paulo Freire falava que a gente precisa ter paciência histórica em certos processos sociais. Existe o capital social, a confiança que as pessoas estabelecem umas nas outras, por causa de suas convicções éticas e religiosas. Essa confiança constrói a democracia", diz, manifestando a esperança de ver a massa evangélica participando de discussões políticas, movimentos sociais e conselhos de cidadãos em todas as áreas – "Estabelecendo, assim, ações positivas na luta contra a pobreza, a ignorância, a violência e a degradação do meio ambiente, gerando desenvolvimento econômico e social".

"Avivamento" – Há a consciência de que os rumos tomados pela Igreja Evangélica brasileira não interessam só ao país. Em A nova cristandade, escrito em 2002, o historiador britânico Philip Jenkins prevê que os destinos do Cristianismo estarão cada vez mais atrelados à ascensão da Igreja na América Latina, na África e na Ásia. "Temos soluções novas e maravilhosas no Brasil, que devem ser passadas para o resto do mundo", concorda Bráulia Inês, para quem a contribuição brasileira será mais relacional do que conceitual. "No entanto", afirma, "é preciso construir uma cosmovisão bíblica que confronte o nosso pseudo-cristianismo latino-americano, pagão, vitimizante e fatalista". Ela critica a solução apressada de, ao invés de construir uma proposta evangélica para os problemas do país, a Igreja tomar o caminho do marxismo cristão. "Por preguiça, preferimos ressuscitar idéias mortas do que propor novas", conclui.
Por outro lado, a espiritualidade evangélica brasileira ainda é muito sensorial, observa Ziel Machado. Ele defende a busca de uma teologia que contemple fé e razão, de acordo com a compreensão bíblica da realidade. "Como o crente vai entender sua missão se não entende a revelação bíblica? Como vai relacioná-la com seu contexto se não educa e treina sua mente para entender essas coisas?", questiona. O professor Israel também alerta para a necessidade de a Igreja aprofundar-se e valorizar os estudos e a reflexão para enfrentar os desafios contemporâneos. Ele alerta para a secularização, que atinge o protestantismo nos Estados Unidos e na Europa. "À medida em que o Brasil vai se 'primeiro-mundizando', alcançando novos padrões de poder aquisitivo e consumo, uma ideologia secularizadora é tendência inevitável", constata. "O secularismo é filho da opulência. O raciocínio não-confessado nestes círculos é: 'Para quê Deus, se tenho tudo?''.
Para Elben, a Igreja Evangélica nacional tem que deixar de se impressionar com seu tamanho. "Precisamos de um avivamento de fato, operado soberanamente pelo Espírito Santo, profundo e demorado". Somente assim, afirma, os escândalos, a superficialidade, a soberba, a competição descarada entre líderes e a paixão numérica poderão chegar ao fim. "E que esse avivamento produza desejos de santidade: testemunho impecável, amor mais intenso por Deus e pelos membros da comunidade", pontifica. Depois de testemunhar, ao longo de décadas, o extraordinário crescimento dos evangélicos, Elben quer mais. E sonha com uma Igreja que tenha "consagração pessoal e consciência social, com vontade incontida de evangelizar e uma lembrança cada vez mais intensa de Jesus como aquele que esvaziou-se a si mesmo e virá outra vez em muita glória", finaliza.


Crescimento desigual, mas maciço

Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram o avanço dos evangélicos em todas as regiões do país. De acordo com os dados e as projeções do Censo 2000, considerando que os evangélicos tenham mantido o mesmo ritmo de crescimento que na década anterior, há no Brasil mais de 40 milhões de protestantes, ligados a centenas de denominações. A região Norte é hoje a mais evangélica, com 25% de crentes, entre tradicionais, pentecostais e de outras igrejas. Já na região Sul, os crentes são 17% da população. No Sudeste, a mais populosa das regiões, 19,1% das pessoas se confessam evangélicas. No Centro-Oeste, são 18,3%. E a região menos evangélica do país é o Nordeste, com apenas 11,4% de crentes.
Mas o ritmo de crescimento é acelerado. Mesmo no Nordeste, entre os anos 1991 e 2000, os evangélicos cresceram a uma taxa anual de 8,6% – índice praticamente igual ao do avanço verificado na região Norte, com 8,5%. De todas as partes do país, foi nos estados do Sul – Paraná Santa Catarina e Rio Grande do Sul – que o segmento apresentou a menor taxa de crescimento, com pouco mais que quatro por cento. Mesmo assim, bem maior do que a da população brasileira em geral, que naquele período não chegou aos 2%.
A expansão numérica da Igreja Evangélica também varia em função do perfil teológico adotado por cada grupo. Se levados em conta os dois principais segmentos – o tradicional e o pentecostal –, é possível constatar que, mesmo dentro de um mesmo estado, seu crescimento varia muito. Em números aproximados, as unidades federativas em que há maior presença de protestantes tradicionais são Espírito Santo, com 11% da população, seguido do Rio de Janeiro, com 10%, Rondônia, que tem 9,5%. Já os estados onde os pentecostais mais se destacam são Rondônia, com 20,2% da população, seguido de Roraima, com 18,5%, São Paulo, com 17,1% e Espírito Santo, com 16,2%.

FONTE: http://www.cristianismohoje.com.br/artigo.php?artigoid=33470