CouchSurfing: quer viajar, fazer amizades e gastar pouco dinheiro? Pratique surfe no sofá
Colaboração para o UOL Viagem
A dinâmica do site lembra a de outras páginas de relacionamento da internet, como Orkut e Facebook: o viajante monta seu perfil, com foto, ocupação e outros dados pessoais. Na ferramenta de busca, escolhe o nome da cidade que planeja visitar. Será gerada uma lista com todas as pessoas que tem um "sofá" disponível naquele destino. Elege-se aquelas com o perfil mais adequado e, à sua caixa postal, envia-se uma mensagem com o pedido de hospedagem.
Cabe ao anfitrião decidir se aceita ou não. Por isso, é recomendável ao requisitante colocar o máximo de informações em seu perfil e ter, no mesmo espaço, referências de pessoas conhecidas e certificados de segurança que o site oferece.
O CouchSurfing é uma página de relacionamentos - bem mais amistosos que amorosos, vale dizer - sem fins lucrativos e, de acordo com suas normas, o anfitrião não pode cobrar pela hospedagem. O conforto, portanto, não deve figurar na lista de exigências do visitante. Como o próprio nome diz ("Surfe no Sofá", na tradução para o português), é possível que, durante a estadia, lhe seja reservado algum móvel da sala de estar ou até mesmo um colchão no sótão da casa. Mas há os benefícios que não serão obtidos nos Holidays Inn da vida: o intercâmbio cultural é quase sempre enriquecedor e, na companhia de uma pessoa local, o viajante poderá ir além dos roteiros turísticos tradicionais.
A história do projeto
Era o final dos anos 1990 e o norte-americano Casey Fenton estava decidido: iria viajar à Islândia. Ter uma experiência turística tradicional não era seu objetivo e ele teve a ideia brilhante: levantou os e-mails de 1,5 mil estudantes da capital do país, Reykjakiv, e lhes escreveu uma mensagem, perguntando se poderia se hospedar, gratuitamente, na casa de algum deles. O resultado foi surpreendente: houve mais de 50 respostas positivas e Fenton embarcou para a "terra do gelo".
Depois que voltou aos Estados Unidos, fascinado pela experiência, ele se juntou a três amigos e fundou o CouchSurfing. Um desses parceiros é o mineiro Leonardo Bassani, de 31 anos, que define o projeto como "um mundinho de super-hospitalidade". Bassani, que vive hoje em Vitória (ES), diz que, quando viaja ao exterior, pratica o "CouchSurfing free style". "Em muitos dos lugares que visito, abordo as pessoas na rua, apresento o projeto do CouchSurfing e elas acabam me hospedando em suas casas. Meu objetivo é difundir nosso ideal de solidariedade pelo mundo".
O CouchSurfing conta hoje com quase 1,3 milhão de membros. Todos os inscritos podem se candidatar a "surfar" e/ou hospedar. Atualmente, mais de 420 mil dos afiliados estão de "sofás abertos" para turistas. Havia em Madri, por exemplo, quando a reportagem foi escrita, 614 pessoas dispostas a acolher visitantes. Na cidade de Nova York, elas eram 512. Em Florianópolis, 148.
De acordo com pesquisas feitas pelo CouchSurfing com seus usuários, 99,6% dos encontros promovidos pelo site foram considerados positivos. E hoje, no universo dos viajantes, é cada vez mais comum encontrar pessoas que caem na estrada, não gastam um tostão para dormir e ainda fazem grandes amigos.
Gisele Monteiro é uma carioca de 36 anos que já "surfou" na Argentina, Uruguai, Peru, São Paulo e Minas Gerais. Em sua última viagem, hospedou-se por sete dias na casa de um membro do CouchSurfing em Buenos Aires. "Foi uma experiência fantástica. Meu host (anfitrião) cozinhou pra mim e me levou para conhecer a cidade", conta ela, que considera a experiência do CouchSurfing mais proveitosa que a estadia em um hotel. "O ambiente [encontrado na casa dos anfitriões] é mais acolhedor e é ótimo ter alguém ao lado para dar dicas de passeio. Comecei a viajar mais depois que conheci o site".
Tal opinião é compartilhada pela paulista Leticia Lelot, de 26 anos: em turnês que fez pela Europa, ela ficou em dez casas de membros do CouchSurfing. Em duas ocasiões, ela não se deu bem com seus anfitriões, mas não deixou de 'surfar' por causa disso. "O ´couch´ é mais legal, pois, na casa da pessoa, você vive a cultura dela e pode conhecer lugares que só os locais frequentam".
O site é rico em dicas para os "surfistas" de primeira viagem (há, inclusive, orientações específicas para mulheres que caem na estrada sozinhas, como nos casos de Gisele e Leticia) e ainda promove outros tipos de encontro social entre seus membros. Aqueles que não têm como abrigar forasteiros em suas casas, podem se prestar a atividades receptivas mais simples, como levá-los para tomar uma cerveja ou apresentar-lhes algum lugar interessante de sua cidade. O importante é preservar uma das regras sagradas do mundo dos viajantes: receber bem, para sempre ser bem recebido.
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