Nova tendência em fotos de casamento, "Trash The Dress" ganha espaço no Brasil

GABRIELA METZKER
Do Bol
A ideia de estragar o vestido de noiva parece impensável para você? Pois saiba que essa é uma tendência que está começando a se difundir pelo Brasil. O "Trash the Dress" é uma proposta de ensaio fotográfico de casamento em que não existe preocupação com o vestido. A noiva pode rolar na areia, entrar na água, deitar no chão, enfim, ficar bem à vontade para a sessão de fotos, que acontece dias depois da cerimônia ou da lua-de-mel.
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    Sob o olhar de Tysen, Carol joga capoeira com um grupo de Salvador (BA). Ela é baiana, e ele, americano

    Karina Castilho faz ensaio "Trash the Dress" em cachoeira; a noiva não deve se preocupar com o vestido


Pela tradução literal, "Trash the Dress", de origem norte-americana, seria "jogar o vestido no lixo", porém a versão da proposta adotada no Brasil não costuma ser radical ao ponto de não sobrar nada do modelito. "Somos mais flexíveis; a noiva não destrói o vestido, apenas não tem medo de sujar e molhar", explica o fotógrafo Jared Windmüller, um dos primeiros a trabalhar com a tendência no Brasil. "Quer sujeira pior do que aquela da barra do vestido depois de arrastá-lo pelo salão?", brinca o profissional de Florianópolis (SC).

Evandro Rocha, fotógrafo que trabalha com o "Trash the Dress" no interior de São Paulo, também acredita que o ensaio agride menos o vestido do que a própria festa e garante que é possível fazer as fotos com vestido alugado. "Dá impressão que vai destruir a roupa, mas na prática não é isso o que acontece", diz o profissional.

Uma das clientes de Rocha assina embaixo: "Meu vestido ficou bem sujo porque a água da cachoeira onde fotografamos tinha muito barro, mas nada que o sistema de lavagem não resolvesse", conta Karina Ferreira Castilho, de São José do Rio Preto (SP). Ela diz que a loja onde alugou o vestido sabia do ensaio e inclusive a autorizou a ficar com a peça por mais tempo, pois o "Trash the Dress" foi realizado quase um mês depois do casamento.

No entanto, Anderson Miranda, fotógrafo pioneiro no estilo no Brasil, esclarece que muitas vezes os estabelecimentos de locação não simpatizam com a proposta, já que não existe garantia de que a peça voltará perfeita. "A ideia do ensaio é colocar o vestido em risco. A noiva não pode se preocupar com isso; ela tem que desencanar", explica. Porém Miranda também acredita que a festa pode ser muito mais "destrutiva" que a própria sessão fotográfica.

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Para fotografar Barbara e Anselmo, o fotógrafo Jared Windmüller viajou a Atlanta, nos EUA, onde mora o casal.


Como é realizado
O "Trash The Dress" exige uma certa ousadia tanto da noiva quanto do noivo, que também participa das fotos com a roupa usada no casamento, por isso quem topa fazer o ensaio precisa estar disposto a se soltar. "O resultado depende muito do casal, da empolgação", explica Jared Windmüller. "O fotógrafo tem que interagir com o casal desde o começo, deixá-lo bem à vontade", complementa.

"É preciso driblar a tensão, a insegurança e a timidez do casal, transformando a sessão fotográfica numa grande diversão", afirma Anderson Miranda, que realizou o primeiro ensaio "Trash the Dress" no Brasil em agosto de 2008, depois de estudar o conceito nos Estados Unidos.


Medo de rasgar o vestido? Nem pensar! A noiva até brincou no escorregador

  • Casais durante ensaios "Trash the Dress" realizados na Espanha e em Santa Catarina

O local escolhido para o ensaio deve permitir, de preferência, ambientes variados e inusitados. Uma praia com mata, por exemplo, ou uma fábrica abandonada com um lago por perto. O elemento água é importante, pois, em geral, o "Trash The Dress" termina com o vestido molhado.

Na opinião de Evandro Rocha, as fotos devem ter uma atmosfera obscura, por isso é importante utilizar iluminação e filtros adequados, bem como escolher um cenário exótico e fora do convencional. "Não é legal fazer num lugar bonitinho. Um bosque com flores coloridas e cerquinha de fazenda não serve. O melhor é no mato, com árvores caídas, folhas secas", explica o fotógrafo.

Quem prefere um ensaio mais delicado ou não quer molhar o vestido pode aderir a uma versão "mais light": o "The Day After". Segundo o fotógrafo El Grego, que mora há cinco anos no Brasil, esse estilo é muito comum na Europa. "No 'Trash The Dress' americano, a noiva destrói o vestido, mas com glamour, num ambiente dramático e com água. Já no 'The Day After', o casal é fotografado depois do casamento num local que combine com seu estilo", diz o profissional.

El Grego revela que procurou juntar essas duas tendências no Rio de Janeiro, fazendo fotos tanto na praia (sem a necessidade de entrar no mar) quanto em locais alternativos, como embaixo do túnel ou na favela. O fotógrafo conta que até já acompanhou os noivos na lua-de-mel: "Eles queriam registrar os momentos logo após o casamento e nossa equipe acompanhou a viagem durante três dias".

O resultado final do "Trash The Dress" e do "The Day After" costuma ser apresentado num álbum de fotos separado, complementar ao álbum de casamento, em formato de fotolivro. Quem já casou mas ainda guarda o vestido de noiva também pode aderir à ideia.

Dicas de noivas
Maria Carolina Torres Bodewig, que mora nos Estados Unidos mas realizou a cerimônia de casamento no Brasil, diz que o mais importante no "Trash The Dress" é se divertir: "É uma experiência única, você é o centro das atenções e nem percebe. Passa muito rápido porque a gente simplesmente se diverte".

  • Jared Windmüller/Divulgação

    Maria Carolina e o marido, Tysen, rolaram na areia com as roupas do casamento na Bahia

Ela se casou em 1º de novembro deste ano em Salvador (BA) e fez o "Trash the Dress" no outro dia, com o fotógrafo Jared Windmüller. "Como ele veio de Santa Catarina para fotografar a cerimônia, fizemos o ensaio logo no dia seguinte no pelourinho e depois na praia", conta a baiana moradora de Las Vegas.

E como será que ficou o vestido depois de subir a ladeira, rolar na areia e mergulhar no mar? "Perfeito. Não tive dó em momento algum, mesmo sendo um vestido único, pintado a mão. Mandei para a lavanderia e ficou novo", conta Maria Carolina.

Essa, aliás, também é a dica de Karina Castilho, que fez o ensaio numa cachoeira próxima a São José do Rio Preto (SP) com o fotógrafo Evandro Rocha. "Não tenha pena do vestido", diz a noiva. O espírito aventureiro é outro quesito que contribui com o resultado: "Estava frio, o lugar não tinha estrututura, banheiro, me troquei no meio do canavial, fiquei andando com o vestido pelo matagal até chegar à cachoeira, mas valeu muito a pena".

VEJA O ÁLBUM: http://estilo.uol.com.br/album/casamentotrashthedress_album.jhtm?abrefoto=1#fotoNav=1

FONTE: http://estilo.uol.com.br