postal. Milhares pedem socorro.
Eu precisaria ter uma equipe de especialistas, todos me ajudando a
atender os que me perguntam: " a maldição do pastor vai pegar mesmo?";
"é preciso aceitar as patadas que recebo do púlpito?"; "em nome da
evangelização, devo aturar esses sermões ralos?".
Realmente não dá mais. A grande mídia propaga o que há de pior entre os
evangélicos com petição de dinheiro, venda de "Bíblias fantásticas",
milagres no atacado e simplismos hermenêuticos. As bobagens alcançaram
níveis intoleráveis.
*O que fazer? Tenho algumas idéias.*
Aconselho que os crentes parem de consumir produtos evangélicos por um
tempo. Não compre Cd de música ou de pregação - inclusive os meus. Deixe
os livros evangélicos encalharem nas prateleiras - idem, para os meus.
Depois que baixar a poeira do prejuízo, ficará notória a diferença entre
os que fazem missão e os que só negociam.
Não vá a congressos - inclusive o que eu promovo. Passe ao largo dos
"louvorzões". Não sintonize o rádio. Boicote todos os programas na
televisão. Não comente, nem critique, a pregação de pastores, bispos,
evangelistas e apóstolos. Afaste-se! Silencie! Desintoxique mente, alma
e espírito da linguagem, pressupostos e lógicas da "teologia da
prosperidade". Volte a ler a Bíblia sem nenhum comentário de rodapé.
Alimente seu interior em pequenos grupos. Reúna-se com gente de bom senso.
Estanque seus dízimos e ofertas imediatamente. Repense com absoluta
isenção onde vai dar dinheiro. Mas prepare-se; no instante em que
diminuírem as entradas, os lobos vestidos de pastor subirão o tom das
intimidações. Não tenha medo.
Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer
igreja ou ministério:
* Quanto tempo é gasto no culto para pedir dinheiro?
A hora do ofertório vem acompanhada de uma linguagem com
"maldição, gafanhoto ou licença legal para ataques do diabo"?
Prometem-se "prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza",
para os que forem fiéis?
Existe alguma suspeita na administração dos recursos arrecadados?
– Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o
contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também
só pode ser gasto no que foi arrecadado.
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, ninguém deve se
sentir culpado quando não der oferta.
So haverá arrependimento no dia em que os auditórios se esvaziarem junto
com uma crise financeira - o monumental ufanismo evangélico precisa
deflacionar.
Concordo, ninguém agüenta o jeito como as coisas estão.
Soli Deo Gloria.O mundo gospel se torna cada dia mais patético; distante
do protestantismo; em rota de colisão com o cristianismo apostólico;
transformado numa gozação perigosa; adoecendo e enlouquecendo milhares
que são moídos numa engrenagem que condena a um duplo inferno.
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*Ricardo Gondim* é pastor da Igreja Betesda de São Paulo e presidente da
Convenção Nacional da denominação. Presidente do Instituto Cristão de
Estudos Contemporâneos. Gondim é casado com Silvia Geruza Rodrigues, pai
de três filhos - Carolina, 29; Cynthia, 27; e Pedro, 19 - e avô de
Gabriela, Felipe e Felipe Naran. Nascido em 1954, em Fortaleza, Ceará, é
formado em Administração de Empresas. Viveu nos Estados Unidos onde
obteve formação teológica no Gênesis Training Center em Santa Rosa,
Califórnia. Ministra palestras e conferências. É colunista das revistas
evangélicas "Ultimato" e "Enfoque Gospel". Como escritor, Gondim é autor
de livros como "O Evangelho da Nova Era", "Santos em Guerra", "Saduceus
e Fariseus", "Creia na Possibilidade da Vitória", "É Proibido" - obra
indicada ao prêmio Jabuti, de literatura brasileira -, "Artesão de uma
Nova História", "Como vencer a Inconstância", "A presença imperceptível
de Deus", "Do Púlpito 5", "O que os evangélicos (não) falam", "Creio,
mais tenho dúvidas", e "Sem perder a Alma", o mais recente.
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