Obama reestrutura Escritório Religioso

Durante Café de Oração, presidente fala de sua fé e diz que órgão da Casa Branca será abrangente.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem dado demonstrações claras de que sua relação com os grupos protestantes será bem diferente daquela adotada no governo do antecessor, o republicano George W.Bush. Nesta quinta-feira, durante o tradicional National Prayer Breakfast (Café da Manhã Nacional de Oração), o presidente assinou Ordem Executiva que modifica o polêmico Escritório da Casa Branca de Iniciativas Comunitárias e Baseadas na Fé, criado em 2001 por Bush. O órgão foi rebatizado como Escritório da Casa Branca de Parcerias de Vizinhança e Baseadas na Fé e passará por uma revisão de suas finalidades e ações. Obama determinou a inserção de uma cláusula no estatuto da entidade, estabelecendo que o uso de verbas federais por organizações religiosas seja "compatível com a Constituição" e com as "leis e valores" do país. Entre suas atribuições, o órgão presta assessoria ao chefe de Estado em assuntos domésticos e internacionais relacionados ao segmento religioso.



O escolhido para dirigir o Escritório de Parcerias Baseadas na Fé é o pastor pentecostal Joshua DuBois, de 26 anos. Ele atuou na campanha presidencial de Obama e comandará um comitê de caráter multirreligioso, composto por protestantes, católicos e judeus. Um dos conselheiros é Otis Morr Jr, pai do atual pastor da Igreja Trinity, onde Obama foi batizado, e que até o começo do ano passado era comandada pelo polêmico reverendo Jeremiah Wright. De acordo com o presidente, a meta do órgão não será favorecer nenhum grupo religioso. "Queremos trabalhar em benefício das organizações que atuam em favor de nossas comunidades, sem perder de vista a linha divisória entre a Igreja e o Estado", discursou Obama durante o evento, que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas representando 180 países. Evangélica, a Secretária de Ação Social do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, compareceu ao encontro, realizado no Hotel Hilton de Washington.



Durante o governo Bush (2001-2008), o escritório recebeu inúmeras críticas por conta de supostos favorecimentos a entidades fundamentalistas. Por outro lado, o governo negou verbas a entidades religiosas pró-aborto ou que não defendessem a abstinência sexual como único método anticoncepcional para adolescentes – duas das bandeiras defendidas na gestão republicana. Quando candidato, Obama criticou esses aspectos da iniciativa do Executivo. "Não se pode usar dinheiro federal para fazer proselitismo", declarou, em julho do ano passado. De acordo com o presidente, a Casa Branca julgará o mérito das entidades que pedirem verba caso a caso, com a ajuda do Departamento da Justiça.
Durante o Café de Oração, Obama, bastante à vontade, falou de suas origens religiosas. "Tive um pai que nasceu muçulmano, mas se tornou ateu; meus avós que eram metodistas e batistas não-praticantes. Já minha mãe era cética em relação a religiões organizadas, mesmo tendo sido a pessoa mais bondosa e espiritualizada que conheci". O presidente contou que virou cristão devido ao seu trabalho entre comunidades carentes. "Não fui doutrinado nem recebi uma revelação divina súbita. Acreditei em Deus quando trabalhei com cristãos que simplesmente queriam ajudar vizinhos em seus momentos mais difíceis."



(Fonte: G1)