12/02/2009 - 12:36 por Elizabeth Miller

Garota festeira?

‘Pensei que se eu bebesse nas festas seria bem vista’.

Uma nuvem provocada pela fumaça do cigarro pairava sobre nós naquela festa na casa da fraternidade, dividindo espaço com um forte odor de álcool e colônia. Eu tentava encontrar algum rosto conhecido, no meio de toda aquela confusão. Contudo, tudo o que via era eu mesma ser cada vez mais espremida por aquela multidão de estudantes.

Era meu primeiro fim de semana na faculdade e havia ido àquela festa junto com outras calouras. Não demorou muito, contudo, para que eu me perdesse delas. Rapidamente me vi sozinha e abandonada.

Como uma caloura, queria aproveitar cada novidade no campus. Não esperava a hora de me ver livre dos ponteiros dos relógios estabelecidos pelos meus pais para que eu chegasse em casa. Pela primeira vez na vida eu não tinha ninguém a quem seguir, por não estar fazendo a “coisa certa”. Quer dizer, ninguém, exceto Deus. Mesmo assim, de repente Deus pareceu como algo que me prendia pelo pescoço. E embora eu não quisesse perder meus valores cristãos, também não queria me sentir podada. Na verdade, eu queria mesmo era ser aceita. Por isso, achei que se fosse a festas desse tipo conseguiria me encaixar em um grupo.

Sem um copo de cerveja em minha mão, logo percebi que eu estava fora do ambiente. O pessoal toda hora perguntava: “Você quer uma cerveja?” ou “Por que você não está bebendo?”. Eu geralmente respondia “vou pegar uma mais tarde” ou “estou ok agora!”. Fiquei com medo de dizer que não bebia, receosa de me perguntarem o por quê? Se eu expusesse o real motivo, seria taxada de a garota de Deus, anti-social.  Por isso, para evitar as perguntas, peguei uma lata de cerveja e comecei a beber naquela noite.

Abri a lata e sutilmente comecei a sentir o odor da cerveja. Olhei para aqueles que estavam ao meu redor e então levei a lata à minha boca. Antes de dar o segundo gole, ouvi uma voz no meio da multidão dizendo:

“Nunca vi uma pessoa inspecionar tanto sua bebida”.

Olhei para ver um garoto que estava atrás de mim.

Dei uma risada de nervoso, assustada com o que estava acontecendo. “Pois é, sou uma iniciante”, eu disse a ele.

“Então você é uma caloura?”

“Isso está tão óbvio assim?”

“Só porque você olha de um jeito que parece que está bebendo um veneno”

“A gente tem que começar em algum momento”, disse a ele enquanto percebia que ele não tinha uma lata na mão. “Cadê a sua?”

“Ah, não. Essa não é minha praia”

“Você não bebe?”

“Não”

Fiquei pensando se ele estava falando sério. “Mas você está em uma festa da fraternidade, você deveria beber”.

“De jeito nenhum. Eu moro aqui, na verdade. Bem, meu nome é Kevin”.

“Prazer, Kevin. Eu me chamo Elizabeth... essa é sua fraternidade? E você não bebe?” Eu vi uma cruz no seu pescoço.

“Pois é. Eu saio e me divirto, mas sem álcool. Ninguém acha isso grande coisa”. Ele sorriu e olhou para minha cerveja. “Você quer mesmo isso?”

Eu não disse nada. Simplesmente larguei a lata de cerveja. Imediatamente me senti aliviada, mas alguma coisa ainda me incomodava.

“Não é frustrante ser a única pessoa sóbria em uma festa como essa?”, perguntei a ele.

“Não mais”, Kevin respondeu. “Eu costumava ficar frustrado. Não é fácil resistir a essas coisas aqui”.

“Você costumava beber?”

“Eu bebi uma vez quando era calouro, só para ver como era. Agora já sei como é o outro lado, e acho que não vale à pena. Dê só uma olhada para essas pessoas”. Ele apontou para as dezenas de pessoas cambaleando ao nosso redor. “Eu não queria aquilo para mim”.

“Mas você ainda é amigo deles?”

“Claro, eles são meus irmãos da fraternidade, e muitos deles me respeitam por não beber. Além disso, eu tenho outros amigos que não bebem. Basta que eu saia com eles.”

Fiquei parada por um instante, pensando no que Kevin havia falado. “Bem, eu tenho procurado, mas parece que não consigo achar alguém aqui como você”.

“Nem todo mundo bebe aqui. Você já ouviu falar do grupo Campus para Cristo?”

 “Não. O que é isso?”

“É um grupo no campus que trabalha com evangelismo”.

“Eles se encontram todas as quintas-feiras de noite. É onde eu encontro pessoas que compartilham de minha fé e, ainda assim, querem se divertir”, ele continuo a explicar.

“Preciso conhecer isso”, disse a ele.

“Acho que vou nessa”, ele me disse.

“Foi um prazer te conhecer. Talvez nos vejamos na quinta!”, ele acenou.

Na quinta-feira seguinte eu parti para o encontro do grupo e percebi que não era a única cristã no campus. Logo descobri que tinha amigos com quem contar e que me ajudariam bastante em diversos aspectos. Além disso, quando me senti mais confortável naquele ambiente comecei a liderar um grupo de estudo para calouras. Ainda assim, não falo apenas com os que têm a mesma fé que eu. Na verdade, montei uma organização que reunia garotas de todas as confissões religiosas, e inclusive garotas sem religiões.

Ainda enfrento desafios. Algumas vezes é sobre álcool; outras vezes é sobre sexo ou outros assuntos que surgem. Cada vez que surge uma decisão difícil a ser tomada, peço a Deus que me oriente. Nas festas, aprendi que não preciso abrir uma lata de cerveja para me encaixar no grupo. Quero ser o tipo de pessoa que eu buscaria encontrar fora de uma festa. No meio da escuridão, eu quero brilhar!


Elizabeth é uma estudante do segundo ano na Universidade Miami, em Oxford, Ohio. Ela é membro do capítulo Delta Lambda da Aliança Kappa Kappa Gama.

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(Traduzido por Daniel Leite Guanaes)