26/01/2009 - 16:23 por Jennifer Smith-Morris

Minha primeira visita à sua igreja

Enxergando a igreja através dos olhos de um visitante.










 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hoje visitei mais uma igreja. Procurei o endereço e o telefone em um catálogo e liguei para a secretaria para saber o horário dos cultos; e nos aprontamos, minhas três crianças e eu, a tempo de chegar no horário correto.

Nos mudamos há pouco para a cidade, e esta já é a quarta igreja que visitamos. Ficamos bastante esperançosos quando entramos. Talvez ali encontrássemos ajuda para o ensino da Palavra às minhas crianças. Talvez tivéssemos oportunidade de crescer espiritualmente. Ou, quem sabe, encontrássemos simplesmente o mesmo "seja bem-vindo!" que já recebemos em outras igrejas.

– Olá, como vai? Hoje teremos um lindo dia! – disse o recepcionista, entregando-nos o programa.  

– Verdade. Hoje o tempo está mais agradável.

– É a primeira vez que nos visitam?

– Sim, acabamos de nos mudar.

– Ah, sim. Isso é maravilhoso! – ele falou, recuando uns passos e olhando por cima de nossos ombros. – Charlie! Como vai você? Lindo dia, não?

Ficou evidente que todos que chegassem receberiam o mesmo tipo de saudação. Várias vezes, outras pessoas nos cumprimentaram com mãos moles, sem nenhuma firmeza dizendo, "Ficamos felizes por terem vindo", mas sem nos darem um sorriso; e seguindo em frente rapidamente, após terem "cumprido sua obrigação". Eu estava ansiosa para perguntar sobre estudos bíblicos para mulheres, ensaios do coro e a escola dominical. Mas eles já tinham ido, e agora conversavam com alguns de seus velhos amigos, sentados em outra fileira de bancos.

Depois de vaguear entre a ala da escola dominical e o templo, tentando – em vão –encontrar uma porta que em vez de se abrir para o palco onde o coro se apresentaria, nos levasse diretamente ao santuário; estávamos atrasados. Quando finalmente encontramos o caminho, o santuário estava quase cheio, mas ainda havia uma fila de bancos vazia: a primeira de todas, lá na frente. Assim, tivemos que atravessar a igreja e caminhar até lá sendo observados por centenas de olhos – éramos os "novatos em desfile".

Tão logo acomodei as crianças, ouvi uma senhora virar-se e cochichar com alguém atrás dela: "E agora, eu não sei onde John e Steve vão se sentar". Que mancada, eu havia escolhido o banco dos diáconos! Envergonhada, virei-me em todas as direções procurando um novo lugar para acomodar minha família; porém todos já estavam lotados e a música estava começando.

Ao final do culto, segui direto para o carro e coloquei o cinto de segurança nos meus filhos; joguei a Bíblia no banco, junto com aquele monte papéis que a gente recebe e leva para casa, e então comecei a chorar.

Uma história muito real - Esta é uma história verdadeira. É a minha história. Já visitei quatro igrejas nos últimos três meses. Estou suficientemente frustrada e decepcionada por desistir de todas elas. Por que está sendo tão difícil encontrar uma igreja?

Sempre fui uma pessoa ativa na igreja. Alguém que as pessoas convidam para orar e pedir conselhos. O tipo de membro a quem o pastor pede ajuda quando precisa de auxílio para realizar um projeto. Agora que estávamos em outra cidade, eu não me importaria de recomeçar. A nova igreja também não precisaria ser exatamente igual a que deixei para trás. Porém, acredito que deveríamos nos sentir, pelo menos, bem-vindos.

Após nossa experiência, pensei em quatro coisas que pastores, professores de escola dominical, recepcionistas e pessoas nos bancos da igreja podem fazer para que os visitantes sintam-se em casa.

1. Desenvolva um ministério de recepção voltado para atender as necessidades do visitante - Há alguns anos, fiz parte de uma igreja em crescimento que criou algo parecido com um programa de recepção. Não era simplesmente apertar mãos e entregar a programação à porta. Os membros da igreja escolhiam um visitante específico para cuidar por, no mínimo, três semanas consecutivas.
Quando comecei a freqüentar esta igreja, alguém veio ao meu encontro e me guiou até as salas da escola dominical, e respondeu minhas perguntas sobre vários estudos bíblicos. Tais atitudes causaram uma sensação verdadeira de boas-vindas, criando uma conexão imediata com a igreja.

2. Prefira oferecer hospitalidade em vez de visitar - Logo após visitarmos a "igreja A" recebemos quatro telefonemas, dois e-mails e três cartas. Então, o pastor se convidou para ir a nossa casa para "nos conhecer um pouco melhor e responder as minhas perguntas sobre a igreja". E nós ainda nem tínhamos começado a desencaixotar a mudança...

Eu realmente desejava recebê-lo bem em minha casa, mas teria convidado o pastor quando estivesse pronta, com a família instalada e as cortinas penduradas. Na verdade, eu desejaria que alguém da igreja tivesse me convidado primeiro para ir a sua casa. Assim eu poderia conhecê-los um pouco melhor e não me sentiria como se estivesse em exposição em uma vitrine.

Em um domingo, quando visitamos a "igreja B", o pastor e sua esposa nos convidaram para jantar na casa deles, logo depois do culto. Lanchamos cachorro quente e batata chips. Estávamos à vontade nessa atmosfera aberta, o que tornava mais fácil fazer perguntas sobre a igreja. Esta atitude fez uma tremenda diferença.

3. Considere a escola dominical com um ponto de contato inicial - Normalmente, a primeira experiência de um visitante quando chega à igreja é levar as crianças até a classe da escola dominical. Cumprimentar seus alunos recém-chegados e aos pais deles de maneira calorosa e interessada é algo encorajador. Dizer "olá", oferecer um cafezinho, e, entusiasmado, apresentá-los a alguns dos membros da igreja que estão passando por ali, envia uma mensagem bastante diferente.

Ainda na escola dominical, os professores de adultos também são contatos muito importantes na primeira visita. Como somos um casal, freqüentamos a escola dominical da "igreja C" durante algumas semanas. Durante aquele período, apenas um dos casais que freqüentavam a classe guardou nossos nomes. Os demais sorriam, com aquele sorriso amarelo que parecia dizer "Estamos alegres que tenham vindo, mas não estamos realmente interessados em vocês".

Naturalmente, sabemos que o tempo da escola dominical é limitado. Mas, alguns momentos de atenção pessoal antes do início serão de grande ajuda para que o visitante sinta-se em casa.

4. Experimente ser "visitante por um dia" - Para aqueles que fazem parte da mesma igreja há vários anos, talvez seja difícil lembrar-se de como é ser um visitante. Um simples exercício poderá trazer-lhe de volta a sensibilidade: visite uma igreja onde ninguém o conheça.

Saia de sua comunidade e de sua denominação. Vá sem ter certeza do que deve vestir ou que tipo de ministérios você irá encontrar. E então preste bastante atenção em como será recebido. Pergunte a si mesmo, se estivesse procurando uma igreja para freqüentar e encontrasse uma assim, como se sentiria. Repare no que a igreja faz de correto e o que faz de errado ao recebê-lo.

Algumas igrejas adotam, intencionalmente, esta prática uma vez por ano. Todos os cultos são cancelados e um domingo é declarado "domingo de visitação", para que os membros visitem outra igreja. Para ampliar ao máximo os resultados da visita, os membros são instruídos a ir a igrejas onde não conheçam absolutamente ninguém e preparar um relatório sobre o que aprenderam neste dia. O debate desses relatórios pode revelar coisas importantes sobre os hábitos da igreja.

Estou pronta para trabalhar, e pronta para fazer da sua igreja a "nossa" igreja, se me sentir acolhida. Entretanto, sentir-se bem-vinda não é algo que acontece automaticamente. Significa deixar de lado nossos hábitos naturais e demonstrar um carinho verdadeiro pelo outro. É algo que envolve receber nossos visitantes da mesma maneira que Jesus os receberia: de coração aberto.


Jennifer Smith-Morris é escritora (e agora também membro ativo da New Covenant Church), e mora em Valdosta, Geórgia.

Copyright © 2008 por Christianity Today International - http://www.cristianismohoje.com.br/retrancas/Minha%20primeira%20visita%20%E0%20sua%20igreja/35858
COMENTÁRIO:

Amados, achei FANTÁSTICA essa matéria, retrata muito bem o que já vi e vejo hj em dia.

As igrejas falham e muito nessa área. Já vi muitas pessoas não ficarem em determinadas igrejas pela frieza do povo de Deus(
* lê-se membros e líderes).

Qdo vou ao nordeste do nosso país, de todas igrejas que vou (a maioria penteca ou neopenteca), a que melhor me recebe, com amor, calor e sinceridade é a que tanto os pentecas e neopentecas criticam, a tradicional.

Fica aí um alerta. Não para sermos mais simpáticos (lê-se hipócritas), mas para acordarmos e entendermos que Deus se alegra mto mais qdo acolhemos uma vida com amor, qdo temos verdadeira comunhão do que ficarmos como fantoches no templo: Agora grita pra Deus, Agora pula, agora bate palma, agora marcha, agora cai, agora isso, agora aquilo....

O que acho incrível é que falamos muito em nossos templos do amor de Cristo, do sangue, de compaixão, mas, qdo um irmão está com problema batemos em suas costas e falamos: Deus vai agir, fica em paz, e caimos fora.
 
Mas a parte que mais gosto é a que cantamos: "Somos corpo, assim bem ajustado, totalmente ligados, unidos, vivendo em amor, uma família, sem qualquer falsidade...." aí um irmão que não te viu a semana toda e que te conhece está do seu lado e nem a paz dá. Pior quando é a pastora ou o pastor.
 
E quando se fala em evangelismo - que pra mim é o termômetro do estado espiritual da congregação - o povo foge.

Pra que queremos tanto amor? Para guardarmos dentro de nós? Mas que cristãos mais egoístas que estamos nos tornando. Egoístas e individuais.

Conheço pessoas super comunicativas que ficaram 1 ano em determinada igreja e nunca fizeram amizade com ninguém. Igreja virou entretenimento cristão: entro, vejo, adoro e saio. Antes, éra tida como nossa segunda casa, segunda família.

E hj tem líderes que querem que o povo conte seus pecados. Como contar se eles nem conhecem a vida de suas ovelhas? Se as ovelhas nem conhecem seus líderes? Como confiar?

Quem confia em quem não conhece?

O que se fala é que só ovelhas geram ovelhas, é verdade. Mas, a igreja é reflexo da liderança.

Moisés não precisou correr, pular, bater palmas, cair no chão para ser considerado amigo de Deus. O que aprendi, com meu Deus, é que o evangelho é muito mais que isso, mto + profundo, e de glamour não tem nada.

* Fiz questão de ressaltar membros e líderes pq os líderes nunca acham que as exortações são para eles.

Shalom Adonai.

Juliana Ayres - jornalista, stylist, designer e estudante de teologia