| Placas, outdoors, luminosos e outros materiais de comunicação visual retirados pelos fiscais e funcionários da Prefeitura ressurgem como suporte na exposição que o muralista Eduardo Kobra faz a partir de nove de outubro. Ele recicla e reutiliza os painéis para pintar obras dentro do tema “Muros da Memória”, em que resgata cenas e lugares da cidade de São Paulo. A exposição “Lei da Cidade que Pinta”, que inaugura a galeria Michelangelo, no Empório Artístico, da Vila Madalena, fica no local até o dia 10 de novembro. Kobra exibe cerca de 15 trabalhos, em tamanhos e formas diversas. O nome da exposição é, naturalmente, uma referência à Lei da Cidade Limpa. “Agora é um momento em que se discutem os valores desta Lei - o que vale a pena e o que não vale. A minha exposição é, de certa forma, uma reflexão sobre isso”, afirma o artista. Para a exposição, Kobra procurou painéis em ferros velhos e depósitos de sucata. “Como pela Lei da Cidade Limpa muitas empresas tiveram de retirar placas, outdoors e luminosos, tudo isso virou material para meus trabalhos”, conta Kobra: “Tomo emprestado desses suportes a força que têm como referência às recentes mudanças na realidade das ruas da Cidade”, acrescenta. Entre as obras, Kobra cita que está em pleno processo produtivo e que ainda não há nenhum trabalho concluído. “Dias atrás fui até o rio Tietê e fiz uma foto de um ângulo em que aparecem o rio, a cidade e o esgoto. Depois, fiz uma impressão em preto e branco e, como se fosse um outdoor fiz uma colagem em um dos painéis. Peguei uma foto antiga, em que as pessoas brincavam no rio e intervim nesse cenário. O trabalho está quase pronto e acredito que será um dos destaques da exposição”, diz. Mais que os temas, a força do trabalho de Kobra está no apuro técnico na reprodução de imagens e na liberdade com que utiliza cores em grandes formatos e diferentes escalas e superfícies. Kobra, como muitos outros grafiteiros da Cidade, viu alguns de seus trabalhos apagados pela tinta ocre dos agentes da limpeza paulistana. “Ninguém discute que era preciso impor limites, mas é preciso manter espaço para a expressão nas ruas da cidade e honrar o título que São Paulo tem de Capital Mundial do Grafite, que é a mais pública das artes, à qual as pessoas têm acesso direto e gratuito. Este mês, vou ter meus trabalhos publicados no livro sobre Muralismo, editado na Grécia pela editora Carpediem, que contará com 169 artistas de todo o mundo. Ou seja: na Europa nossos trabalhos são vistos como cultura. Aqui não podem ser vistos como uma ameaça à beleza da Cidade. Por isso, proponho a reflexão e o debate”, diz. E acrescenta: “O ocre furou o muro”. O paulistano Eduardo Kobra, 33 anos, começou seus primeiros trabalhos em 87, junto com a segunda geração do grafite, sob a influência do hip hop. Inquieto e curioso, logo aprimorou seus traços, desenvolvendo sua forma de expressão. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo “transformismo” grafiteiro. “Procuro, no projeto ‘Muro das Memórias’ mostrar imagens históricas com uma leitura contemporânea”, afirma. Embora nunca tenha tido contato pessoal, um de seus principais mestres atuais é o norte-americano Eric Grohe, artista plástico que faz da sua arte um meio de transformação. São murais que confundem os olhos de quem observa, reduzindo a nada a diferença entre escultura e pintura. Os trabalhos de Kobra, muito executados antes mesmo do contato com a arte de Grohe, trazem características semelhantes. Em 2007 Kobra teve alguns trabalhos do projeto Muro das Memórias exibidos no programa Fantástico da TV Globo. ano pintou um painel na abertura do 35º. Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Saiba mais sobre Kobra e a exposição. tags: São Paulo SP artes-visuais arte cidade-de-sao-paulo cultura exposicoes exposicao-artistica | quando ir | | | 09/10/2008 a 10/11/2008 | | | quanto custa | | | Entrada Franca De segunda as sextas-feiras das 9h às 19h Aos sábados das 9h às 22h | | |
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