22/02/2008 - 17h55
Veja palpites de quem vencerá o Oscar
GAYDEN WREN
Do Hollywood Watch
A cerimônia do Oscar deste ano será apresentada em 24 de fevereiro. Ela nunca foi realizada tão cedo e, até recentemente, a pergunta na boca de todos era se haveria uma cerimônia, dada a greve do sindicato dos roteiristas. Agora que este problema foi resolvido, outras questões ganham proeminência: quem vai vencer, o que vestirão, o que o apresentador dirá, quem emocionará mais as pessoas e, ah, sim, quem vai vencer?

Reuters
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Mas prever os Oscars é notoriamente ardiloso. O que é bom, já que ninguém ligaria para uma noite do Oscar totalmente previsível. Nós não assistimos para ouvir as piadas ou as alfinetadas políticas, ou para ver quem agradece mais pessoas em menos tempo. Nós assistimos na esperança de ver o próximo discurso "vocês gostam de mim, realmente gostam de mim", o próximo apresentador que vai sussurrar os nomes dos indicados, o próximo incidente de alguém correndo nu ou o próximo vencedor que fará algumas flexões no chão.

Logo, é inútil fazer previsões. Mas, para fins de discussão, aqui vão algumas considerações para preparação do bolão de apostas do escritório.

O mais importante é lembrar: não se trata de quão boa foi uma atuação, mas sim quem deve ganhar o Oscar. E não se trata de quem você acha que deva vencer, porque os membros da Academia não são como você ou a maioria dos seus amigos. Eles assistem a mais filmes e os vêem como pessoas do meio, o que significa que são mais conscientes do mecanismo por trás da mágica. Por outro lado, se impressionam mais quando a mágica supera o mecanismo.

Tentar se colocar no lugar dos membros da Academia é uma abordagem limitada e toda previsão é realmente pouco mais que um palpite. Mas e daí? Eis aqui nossos palpites.

Melhor Filme: Deverá se resumir a uma batalha entre "Onde os Fracos Não Têm Vez" e "Sangue Negro". O encantador e hilariante "Juno" é pequeno demais para esta categoria e sua história de gravidez adolescente deverá alienar os membros da Academia. Além disso, a instituição tem um preconceito antigo contra comédia. "Desejo e Reparação" é um drama de época do tipo que a Academia gosta, mas sua trama confusa deixa muitos espectadores coçando a cabeça. "Conduta de Risco" é um queridinho das pessoas, mas o novato Tony Gilroy às vezes deixa o filme escapar de suas mãos. Dos dois que sobraram, "Sangue Negro" tem apelo de época e uma atuação monumental de Daniel Day-Lewis, mas isto pode pesar contra o filme - se trata de um grande filme ou apenas de uma grande atuação? De qualquer forma, o filme carece do humor excêntrico que tempera o igualmente emocionante "Onde os Fracos Não Têm Vez". Os irmãos Coen são há muito tempo favoritos da comunidade de Hollywood e desta vez eles levarão o ouro para casa.

Melhor Diretor: Joel e Ethan Coen por "Onde os Fracos Não Têm Vez", com a verdadeira concorrência vindo de Paul Thomas Anderson de "Sangue Negro". Jason Reitman de "Juno" e Tony Gilroy de "Conduta de Risco" são novatos cuja melhor obra ainda está por vir, enquanto Julian Schnabel de "O Escafandro e a Borboleta" - um pintor cuja atuação como cineasta é uma segunda carreira - é forasteiro demais para Hollywood. Anderson atinge um novo grau de maturidade temática e habilidade técnica em "Sangue Negro", mas isto também vale para os irmãos Coen, que são mais de uma década mais velhos e possuem uma filmografia mais impressionante.

Melhor Ator: Daniel Day-Lewis é a barbada da noite. Não é apenas a maior atuação do ano, mas este é um raro ano em que a disputa masculina não é tão impressionante. Johnny Depp exibiu um charme sinistro e mostrou que sabe cantar em "Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet", mas vingança, assassinato e canibalismo não estão entre as preferências da Academia. Depp algum dia ganhará um Oscar, mas não neste ano. O trabalho impressionante de Tommy Lee Jones em "No Vale das Sombras" não importa, já que poucos se deram ao trabalho de ver qualquer um dos "filmes sobre o Iraque" neste ano, e o favorito de Hollywood, George Clooney - que seria um forte candidato - já venceu há apenas dois anos. A única concorrência séria para Day-Lewis vem do trabalho convincente de Viggo Mortensen como um gângster russo em "Senhores do Crime", mas poucos também assistiram a este filme.

Melhor Atriz: A categoria mais disputada neste ano coloca a sempre candidata Laura Linney contra a rainha do retorno, Julie Christie, e a jovem e brilhante Ellen Page. Cate Blanchett não superará o consenso geral de que "Elizabeth: A Era de Ouro" é uma obra menos impressionante do que "Elizabeth" (1998), e ela não venceu por aquele filme. A atriz francesa Marion Cotillard está brilhante em "Piaf -Um Hino ao Amor", mas sua indicação deverá bastar, já que virtualmente ninguém em Hollywood viu o filme. Page ("Juno") não vencerá neste ano, mas acumulará pontos para futuras disputas. O trabalho comovente de Christie em "Longe Dela" merece um Oscar, e Hollywood adora uma história de retorno - mas pouquíssimas pessoas viram o filme. Na batalha dos filmes de Alzheimer, "A Família Savage" levará a melhor e Linney, que já merece um Oscar há anos, trocará os pontos acumulados pelo homem de ouro.

Melhor Ator Coadjuvante: Javier Bardem por "Onde os Fracos Não Têm Vez". Hollywood adora um bom vilão - Hannibal Lecter rendeu um Oscar para Anthony Hopkins - e o Anton Chigurh de Bardem é algo belo. O agente da CIA idiota de Philip Seymour Hoffman em "Jogos do Poder" seria um forte candidato se ele não tivesse conquistado recentemente o Oscar de Melhor Ator, e Casey Affleck é bem jovem e terá outras chances no futuro. Todos gostariam de ver o favorito sentimental Hal Holbrook vencer, mas poucas pessoas assistiram ao seu filme, "Na Natureza Selvagem". Não causaria surpresa uma vitória de Tom Wilkinson, já que ele é um ator respeitado, com um trabalho consistente e que tem uma atuação forte em "Conduta de Risco", mas este não é o ano dele.

Melhor Atriz Coadjuvante: Ruby Dee, como um tributo não apenas à sua carreira como ótima atriz e defensora dos direitos civis, mas também ao seu falecido marido, Ossie Davis. Quando ele morreu em 2005, Hollywood ficou atônita ao perceber que nem ele e nem ela tinham sequer sido indicados para um Oscar. Sua principal concorrente é Amy Ryan como a mãe no limite em "Medo da Verdade". A interpretação de Tilda Swinton como uma executiva próxima de um colapso em "Conduta de Risco" seria uma forte candidata em outro ano, enquanto o falso Bob Dylan de Cate Blanchett em "Não Estou Lá" é bizarro demais para o gosto da Academia. Além disso, Saoirse Ronan, 13 anos, já foi suficientemente homenageada com a indicação.

Tradução: George El Khouri Andolfato
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