Informática
07/12/2007 - 09h33

Novo site de amizade só aceita ricos e abriga "high society" da net

ROBERTA SALOMONE
da Folha de S.Paulo

Enquanto as maiores redes de relacionamento da internet planejam estratégias mirabolantes e disponibilizam novos recursos para ganhar mais e mais adeptos, o site aSmallWorld (um pequeno mundo) entra na contramão de tudo isso. Todos os dias recusa, sem dó, novos membros e expulsa outros, que não seguem à risca o manual de boas maneiras do site.

Criado em 2004, o aSmallWorld (ou ASW) só quer saber de quem é rico, famoso e/ou influente. Fazem parte desse clubinho virtual o cineasta Quentin Tarantino, o jogador de golfe Tiger Woods, a modelo Naomi Campbell e o cantor James Blunt. Gente com linhagem real e sobrenomes tipo Forbes e Trump também valem.

Han Jae-Ho /Reuters
Socialite Paris Hilton também tem uma conta no ASW, mas não tente puxar papo com ela
Socialite Paris Hilton também tem uma
conta no ASW, mas não tente puxar papo com ela

"Não sou artista nem milionária, mas falo inglês fluentemente e adoro viajar. Deve ser por isso que me convidaram", comemora uma estudante paulista, que pediu para não ser identificada com medo de ser banida do ASW, onde tem quatro amigos. "No Orkut tenho mais de 300", diz.

As regras são claras. Quem teve o privilégio de entrar numa comunidade tão restrita não pode avacalhar. Por isso, são proibidos perfis fakes, informações mentirosas e fuxicar a página alheia.

Pouquíssimos têm direito a convidar novos usuários. E pior ainda: se fizer a íntima com os famosos, será expulso. Foi o que aconteceu com Talal bin Laden, 22, que mora na Suíça. Ele achou que poderia trocar uma idéia com Paris Hilton e perdeu de vez o acesso ao ASW.

"Temos que ser assim porque queremos uma sociedade civilizada dentro do aSmallWorld e a internet, definitivamente, não é", disse por telefone ao Folhateen Erik Wachtmeister, que resolveu criar o site para manter contato com os amigos quando viajava.

Hoje, o ASW tem 300 mil usuários. Um número pequeno perto dos cerca de 50 milhões, que tanto o Facebook quanto o Orkut têm. A diferença é que a maioria deles tem despesas mensais astronômicas e nasceu em algum país da Europa (veja quadro). Os brasileiros não chegam nem a 1%.

Mais do que a troca de mensagens, o site disponibiliza serviços como guias de cidades, endereços de lojas e salões de beleza, a hora local das principais capitais e dicas de filmes e viagens. A ferramenta "Geolocator" facilita encontros entre os usuários. Vai dar um pulinho em Hong Kong ou Paris na semana que vem? Digita lá que você descobre quem estará na mesma rota que você.

Nos fóruns, nada de debates políticos acalorados. Ali, no lugar onde são divulgadas baladas que acontecem pelos quatro cantos do mundo, funciona uma espécie de classificados. Hoje tem gente atrás de uma babá em Dubai, alugando mansões de cinema e até vendendo uma ilha. De olho nessa clientela, marcas de luxo, como Cartier, Land Rover, Moët & Chandon e Montblanc, aproveitam o espaço para anunciar seus produtos caríssimos.

"Uma afronta"

O advogado paulista Luciano Santos nunca recebeu um convite para participar do ASW nem sabe se tem algum amigo lá, mas criou em setembro uma comunidade no Orkut (com 12 integrantes até a semana passada) com o mesmo nome do site. A diferença é que, lá, qualquer um é aceito, independentemente do que tem na conta bancária.

"Acho que reunir os ricos e famosos é uma afronta à situação que vivemos no mundo com miséria, pobreza e que gera violência e outros males", diz o advogado, que é dono também das comunidades "Reforma Política" e "Lei 9840" (contra a corrupção eleitoral).

Mas, se um dia, por algum acaso, aparecer um convitinho na caixa postal de Luciano para fazer parte desse clube privê? "Eu recuso", garante.

Leia mais