Livro é lançado para informar e resgatar importantes momentos do cristianismo

 Letícia Ferreira

 



 


 

 

 

 

 

 

O primeiro volume da trilogia "Espiritualidade Cristã na História", escrito pelo pastor da IPB e doutor em Teologia Dogmática pela Universidade de Salamanca, na Espanha, rev. Ronaldo Cavalcante, acaba de ser lançado pela Editora Paulinas. Segundo o autor, a obra, "Das origens até Santo Agostinho", chega para suprir a carência de informações sobre o assunto no Brasil e principalmente para recuperar o patrimônio da história da espiritualidade cristã, ou seja, do relacionamento entre o homem e Deus. O segundo volume deverá ser lançado no final do ano que vem. Para o rev. Ronaldo, há uma tendência entre os evangélicos de rejeitar tudo o que foi produzido antes da Reforma do século 16, o que deixa de lado muitas coisas importantes na formação do relacionamento entre Deus e a humanidade, que culminou na vinda de Jesus. A tendência natural é começar a estudar a história a partir da Reforma. No entanto, há 1.500 anos de história antes disso. O rev. Ronaldo declara que é necessário voltar às fontes originais do cristianismo: "Percebemos que, tanto na Idade Média, quanto na igreja antiga há verdadeiros tesouros encobertos especialmente na tradição protestante. Quando lemos Lutero, Calvino, Zwinglio, os grandes reformadores, todos eles beberam nas fontes patrísticas do Antigo e do Novo Testamento".

TRADIÇÃO E FUNÇÃO

O rev. Ronaldo explica que o fenômeno religioso cristão é bastante rico e isso é muito bom porque se tem um campo vasto de pesquisa. No entanto, percebe-se que o fenômeno visível da religião cristã pode encobrir, ainda que inconscientemente, o que seria prioritário no cristianismo, que é o que o livro busca identificar, ou seja, a essência, a relação pessoal do homem com Deus por meio de Jesus e, antes da vinda de Cristo, tudo o que aponta para Ele como sumo mediador.
O pastor usa como exemplo o advento da igreja romana, com os imperadores Constantino e Teodoro, no século 4º, que privilegiou o cristianismo, elevando-o a uma posição em que o perigo é o esquecimento da sua verdadeira função neste mundo, ou seja, estabelecer a reconciliação entre homem e Deus. Então aparecem os fenômenos visíveis, como uma teologia e uma liturgia bastante elaboradas, o que pode levar o crente a considerar esses fenômenos como sendo prioritários e essenciais. "Se coloca a conseqüência no lugar da causa, ou seja, o que gerou tudo aquilo é a relação com Deus e não o contrário. Esses fenômenos podem até dar pistas, induzir ou indicar, mas a idéia é que por trás das tradições cristãs católicas, ortodoxas e protestantes há a necessidade do encontro com o Deus vivo, o Deus cristão", declara o escritor, que é também professor da Escola de Teologia e do mestrado em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.