06/03/09 - 12h51 - Atualizado em 06/03/09 - 13h12

Com calor de 30 graus, grupo transforma Avenida Paulista em 'praia'

Atores estenderam cangas e esteiras em frente ao Masp.
Muitos pararam para ver os 'banhistas do asfalto' no cartão postal de SP.

Patrícia Araújo Do G1, em São Paulo  

 

Foto: Daigo Oliva/G1

Avenida foi transformada em 'praia' de paulistano nesta  ensolarada manhã de sexta-feira (Foto: Daigo Oliva/G1)

São Paulo, 11h40 desta sexta-feira (6). O termômetro marca 30 graus e o céu está quase inteiramente azul. Num dia assim, escapar para a praia parece a diversão mais promissora. Mas, em uma cidade como São Paulo, onde é preciso andar alguns quilômetros para aproveitar o mar, tem gente levando ao pé da letra o ditado "quem não tem cão caça com gato". Por isso, um grupo de sete atores de dois grupos teatrais da capital estendeu cangas e esteiras e armou cadeiras de praia em frente ao Masp, na Avenida Paulista. Para os atores, o trecho virou uma verdadeira "praia de paulistano".

"A ideia foi brincar com essa questão do desejo e da realidade. Tenho certeza de que 90% das pessoas têm o desejo de ir agora à praia. Há o desejo de tirar a gravata e pegar um sol", disse um dos integrantes do grupo, o ator Luiz Gustavo Jahjah, de 32 anos.

Nascido em Santos, no Litoral Sul do estado, Jahjah contou que a ideia de transformar a Paulista em praia surgiu no Ano Novo. "Estava andando em Santos de sunga, conversando com um amigo e pensando como seria legal poder andar do mesmo jeito na Paulista. Aí surgiu tudo", disse. 

 

Praia "farofa"


Além dos apetrechos normais, os atores decidiram levar alguns "equipamentos" para garantir a diversão ao longo do dia, já que pretendiam ficar no local até o pôr-do-sol. Barraca de camping, isopor com bastante gelo para os refrigerantes e cerveja, carvão para o churrasco, pipas e violão. "A gente gosta mais da farofa. Aí fomos pegando elementos e ficou assim", disse Jahjah.

Tanta informalidade em meio a uma das avenidas mais formais da capital paulista despertou a atenção de quem passava pelo local. "Caraca, que loucura, meu. Lindo, lindo, lindo. Porque aqui na Paulista tem protesto todo dia. O cara vem no direito dele de protestar, mas acaba atrapalhando todo mundo, fechando a via. Isso aqui não. É pura diversão", dizia, maravilhado, o vendedor ambulante de bijuterias Carlos Silva.

Até quem não é brasileiro ficou espantado com a peculiaridade. "Tudo o que seja cultura, coisas novas, diferentes, é genial", afirmava o chileno José Villa, de 30 anos, que visita o Brasil desde terça-feira (3).

"O problema é só o mar, né? Não tem", dizia um dos curiosos no local. Para o ator Jahjah, porém, nem isso era problema. "A gente até tentou trazer uma piscina, mas preferiu mesmo é entrar no mar", disse olhando, com grossos óculos escuros, a imensidão de carros na avenida. "Qualquer coisa, a gente trouxe o chuveiro", completou mostrando um regador. 

Foto: Daigo Oliva/G1

Banhistas do asfalto passam entre ônibus e carros da Paulista  (Foto: Daigo Oliva/G1 )