Desde a quarta-feira, 20, os jornais brasileiros estão informando a respeito de um caso em que a juíza Ivone Caetano, da Vara da Infância e da Juventude do Rio, autorizou a cantora Gal Costa a realizar a adoção de um menino de quase dois anos.
 
 
O que a juíza diz não saber é que já havia um pedido para a guarda dessa mesma criança. Assim que houve uma denúncia de que o Ministério Público não foi ouvido no caso, a juíza retrocedeu na sua decisão.

A procuradora de Gal, Luci Vieira Nunes, afirma que a decisão é meramente processual. "É só para cumprir o rito processual. Quando o Ministério Público se pronunciar, ela profere nova sentença." O Ministério Público acusou irregularidades na concessão da guarda, como o fato de Gal ter passado à frente de, pelo menos, 364 pessoas do cadastro de interessados.

Os promotores da Vara da Infância e da Juventude afirmaram que Gal não respeitou o rito habitual, visitando o abrigo e fazendo convivência com a criança. A procuradora de Gal está confiante em uma sentença que favoreça sua cliente, porém, existe um outro lado da história que poderá pesar contra. "O erro da juíza não foi apenas dar a guarda a Gal Costa em três dias, mas passar por cima do Ministério Público que tem um processo meu de guarda da criança a mais de um ano", disse o pastor Francisco Nascimento, 38 anos, casado e pai de 4 filhos. Francisco morava no Rio de Janeiro e, hoje, mora em Naples, onde é co-pastor na Igreja Evangélica Assembléia de Deus, Ministério Belém.

Em entrevista exclusiva ao Gazeta, ele revela um outro lado da história que é assunto em todos os jornais brasileiros desta semana.

- Você sabe quem é a criança adotada por Gal Costa?
Sim. Fui eu mesmo que peguei ele pela primeira vez. A mãe me entregou ele muito doente, com um tumor na barriga por causa de uma escabiose, ou como é chamada vulgarmente, sarna. Eu levei o menino ao hospital de Nova Iguaçu no dia 12 de janeiro de 2006. No dia seguinte ele foi operado nos meus braços pois, devido à infecção, a anestesia não pegava. Eu e minha esposa ficamos no hospital com o menino até 15 de fevereiro. Foram 35 dias cuidando dele no hospital. Depois disso o caso dele foi encaminhado ao Ministério Público porque houve maus tratos por parte da família. Imediatamente eu entrei com o processo de guarda dele.

- Como esse menino chegou às suas mãos?
Ele chegou a mim através da minha filha. Ela soube, na igreja, que uma mãe estava querendo dar o menino para alguém. Quando me mostraram o menino, que estava doente, imediatamente, eu o peguei e levei ao hospital. O médico disse que se demorassem mais uns dias para levá-lo ao hospital ele teria morrido.

- Como você ficou sabendo que alguém estava querendo adotar o menino?
Eu me mudei para os Estados Unidos em fevereiro deste ano e estava acompanhando o processo pela Internet. Numa das verificações observei que havia um processo com o mesmo objetivo só que iniciado mais de um ano depois do meu, em abril deste ano. Minha advogada verificou e viu que a interessada era a Gal Costa. Ela entrou com o processo dia 12 de abril e ganhou a guarda do menino três dias depois. Ela conseguiu em três dias o que eu não consegui em mais de um ano. Ela atropelou o meu processo.

- Você é o primeiro da fila para adoção dessa criança?
Eu não estou em fila alguma. Eu peguei a criança com maus tratos, levei para o hospital, tratei dela e pedi a guarda. A Lei me dá o direito de pedir a guarda desse menino porque eu o salvei da morte. Eu não fui buscá-la em abrigo algum. Ela veio nas minhas mãos. Os pais biológicos concordaram em me dar a criança.

- Porque Gal Costa não foi procurar uma criança no abrigo?
Quem tem que me explicar isso é a juíza, doutora Ivone Caetano, que deu esse direito para Gal Costa. A criança estava no abrigo desde que saiu do hospital, mas já havia o meu pedido. Ela não estava na fila para adoção. A juíza não podia ignorar o Ministério Público e passar a criança a outra pessoa. E não sou eu que estou dizendo isso. É o próprio Ministério Público que está denunciando.

- Como Gal Costa chegou nessa criança se só você, os pais e o Ministério Público sabiam dela?
Isso é o que todos querem saber. Alguém espionou o abrigo e deu as informações físicas da criança, o que interessou a cantora. E como ela é rica e famosa e está bem relacionada, ela conseguiu a guarda imediatamente. Porque ela não adotou outra criança? Existem mais de trinta lá para serem adotadas. Eu penso que ela não pegou outra criança porque, ou são negras, ou deficientes físicas. Isso é racismo e precisa ser denunciado. Houve um caso de favorecimento explícito que precisa ser paralisado no Brasil. Quem tem dinheiro faz o que quer, passando por cima dos poderes instituídos e da Lei. Ainda que eu perdesse a guarda ,o meu processo tinha que ser julgado antes do dela, pois é de 2006. Para entrar o processo dela, tinha que extinguir o meu primeiro; o que não aconteceu. Supondo que eu perdesse a guarda, a criança deveria ir para a fila de adoção, onde existem centenas de pessoas na frente de Gal Costa. Ela conseguiu por favorecimento de alguém dentro do sistema de adoção. Eu tenho todos os documentos para provar isso.

- Gal Costa, inclusive, já deu até um nome para o menino.
Ela não poderia mudar o nome dele pois não tem a guarda definitiva. O nome verdadeiro do menino é Douglas Celestino Lopes e não Gabriel, como Gal Costa o chama. Ela diz que está com uma autorização, mas está é com uma liminar. Alguém facilitou as coisas para a Gal Costa. A juíza deu uma sentença sem ouvir o Ministério Público. Agora que o Ministério Público está denunciando o caso, ela está reconhecendo que é um órgão sério.

- Você não suspeita que os pais da criança tenham mudado de idéia?
Na quinta-feira, dia 21, a mãe foi a um jornal e disse que quer a criança comigo.

Fonte: Gazeta Brazilian News
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